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terça-feira, 5 de abril de 2022

quinta-feira, 6 de abril de 2017

FORA DA INTERNETE

Queridos amigos: obrigada pelo tempo em que estivemos juntos.Foi um tempo feliz para mim.Vou me afastar por uns tempos.Deus quis assim.Louvado seja Deus.Estarei com ele e ele com vocês.
Explico:

Queridos amigos: vou ficar fora do Facebook e da internete por uns tempos.Rompi um ligamento do braço direito.Estou em tratamento. No mínimo 6 meses de molho.Quando sarar eu volto.Se Deus quiser! Não promoverei o PRÊMIO BURITI DESTE ANO. Vou ver se acho alguém que assuma o PRÊMIO até minha volta.Caso contrário ficaremos sem a edição deste ano.
Como sabem, é trabalho voluntário e sem fins lucrativos.E necessita de pessoa muito competente e com bastante experiência na área de marketing, editoração, relações públicas , especialista em língua portuguesa e em literatura. É difícil....mas impossível não é.
FIQUEM COM DEUS E ATÉ UM DIA SE ELE ASSIM O QUISER!
OBRIGADA POR FAZEREM PARTE DE MINHA VIDA!
NINGUÉM É INSUBSTITUÍVEL!!!
RITA BERNADETE SAMPAIO VELOSA

sábado, 9 de novembro de 2013

VIVOS EM MIM

Se Carlos estivesse vivo, diria:
Vai ,Rita, ser “gauche” na vida!

Se Quintana estivesse vivo, diria:
Eles passarão!Você, Rita, passarinho!

Se William estivesse vivo, diria:
É,Rita.Ser ou não ser: eis a questão!

Se Castro Alves estivesse vivo,diria:
Deus! Deus!Onde estás  que não respondes para a Rita?

Se Camões estivesse vivo,diria:
Pobre Rita!Amor é fogo que arde sem se ver!

Se Vinicios estivesse vivo,diria:
Rita, sua beleza é fundamental!

Se Nelson estivesse vivo, diria:
Todo jovem é um imbecil,
E você, Rita,gosta de apanhar!

Se Augusto estivesse vivo,diria:
Escarra nesta boca que te beija,Rita!

Se Sá Carneiro estivesse vivo,diria:
Vai, Rita! Perder-te dentro de ti,
Porque és labirinto!

Se Fernando estivesse vivo, diria:
Você é uma fingidora!
Finge tão completamente,
Que chega a fingir que é dor,
A dor que deveras sente!

Se Olavo estivesse vivo,diria:
 Padeces,Rita!
Que fazer para  ser boa?
Perdoa!

Se Raimundo estivesse vivo, diria:
Rita,vai-se a primeira pomba despertada!
Aos pombais, elas voltam.
Mas ao seu coração,
Elas não voltam mais!

E Vicente,o que diria?
Rita, a felicidade existe sim.
Mas nós não a alcançamos,
Porque está sempre apenas onde a pomos,
E nunca a pomos onde nós estamos!

Ah! E o eterno Paulo,o que diria?
Rita,ainda que você tivesse o dom da profecia,
O conhecimento de todos os mistérios,
E de toda a ciência,
Ainda que você tivesse toda a fé,
A ponto de transportar montanhas,
Se você não tivesse o amor,
Você nada seria!

E você , Rita ?
O que você diria?
Eu diria:
Vida, mistério infindo!
Inúmeras ilusões!
Ora alegres, ora tristes.
Nada mais!

   Poema de Rita Velosa        
Favor citar sempre a autoria                                    03/11/2013

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

PORTA ABERTA

                                                                                                                               
CONTO

              Um quarto de casarão antigo. A luz do lampião da calçada iluminando-a por trás, feito santa no altar. Uma cama. E nela... Só ela! Ela, solitária e quieta. Imóvel, e branca como mármore. Há dez anos estava assim.
           Dez anos sem transar. Seu corpo todo estava carregado com uma energia bipolar. Ao mesmo tempo em que ansiava desesperadamente por um orgasmo tremia de pavor diante da possibilidade de ser tocada novamente por um homem. Na mão direita um botão de rosa vermelho encarnado. Na esquerda um escudo em riste. Há uma década permanecia assim. E agora sentia a adrenalina gelando suas veias. Seu cérebro em câmara lenta, captando cada detalhe cada ruído, cada sombra, cada objeto, arrastando o tempo, brecando a vida. Contando as batidas do coração acelerado.
           Levantou-se bruscamente da cama  num gesto de desafio. Escancarou a porta do quarto com violência. Voltou para a cama e acendeu um cigarro olhando fixamente para aquele vão aberto, com raiva, muito raiva!Largou o botão de rosa, empunhou uma lança. Puxou o escudo contra o peito. Da cama não conseguia avistar o corredor. Apenas a parede do outro lado. Sim, era assim mesmo que tinha de ser: imprevisível.
        Não. Melhor fechar essa porta, pensou. Isso é muito perigoso! Alguém pode invadir. O hotel está completamente silencioso. Não ouço passos, nem vozes... Largou sobre a cama o botão encarnado, a lança e o escudo. Correu para a porta e a fechou. Girou a chave três vezes, até o fim. Voltou para a cama. Acendeu outro cigarro. Sentia-se sufocar. O ar já estava saturado de fumaça. Acabou o cigarro.
     E então? Vai se acovardar agora?Pare de tremer, idiota!Destrava, vamos!Que diabos!Chega de viver sob o domínio do medo!Assim não dá mais! Resolva  de vez esta questão! Vai, coragem! Levante-se e abra aquela porta! - ordenou para si mesma.
        Voltou para a porta, girou a chave três vezes, lentamente, mas com firmeza. Abriu a porta como quem abre a tampa de um baú de tesouro de pirata. Emocionada, temerosa, cheia de expectativa, procurando por um objeto sagrado ou por uma joia extremamente valiosa.Aquela porta aberta  era a porta do resto dos seus dias. Queria assim e assim seria! Pronto! Fizera o mais difícil. Dera o primeiro passo.
         Desta vez ela sabia quem iria entrar por aquela porta. Era conhecido, era amigo, era doce, era gentil.
           Então se acalme, deixe a porta aberta e volte para sua cama, ordenou a si mesma. Tentou fumar mais um cigarro, mas engasgou. Apagou. Sua garganta deu um nó! Mal conseguia respirar. Não despregava o olho da porta.
            Aos poucos foi relaxando e adormeceu. Sonhou. Um sonho pavoroso. Um estupro. E era ela a estuprada. Surpreendida pelo invasor entrou em um estado de torpor. Sem reação! Mal se movia de medo de ser morta. Obedecia. Obedecia. Obedecia... Até que desmaiou.
              Acordou com o ruído da porta. Saltou  na cama e murmurou: quem é? Quem é você?
              Ele entrou sorrindo, ao mesmo tempo hesitante e excitado. Aproximou-se vagarosamente, como se estivesse entrando na jaula de uma fera. Não disse palavra. Pegou delicadamente suas mãos. Depois pronunciou seu nome como quem pergunta, mas já sabe a resposta.
             Ela fez que sim com a cabeça. Olhou para ele e não viu perigo em seus olhos. Só carinho.  Uma sensação boa espalhou-se pelo seu corpo todo. Um desejo louco e sadio. Entregou se ao abraço suave, ao beijo longo, à paixão que a inundava. Simplesmente entregou-se. Estava viva novamente.

 




TEXTO PROTEGIDO POR DIREITOS AUTORAIS
FAVOR CITAR SEMPRE A AUTORIA
RITA VELOSA

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

OVELHA NEGRA



Como posso dizer: vai!
Se o que eu mais quero dizer é: vem!
Como posso dizer: lobo!
Se o que eu mais quero dizer é: santo!
Como posso comer, beber, dormir,
Se só o que eu quero é você?

Deus! Por que fiz isso comigo?
Por que fui te desafiar?

Como posso esquecer a voz do lobo,
Seu sorriso, seu jeito hesitante?
Como posso esquecer o bem que me fez?
Como posso esquecer como fui feliz?

Lobo, você é paixão.
Santo: você é amor.

E eu agora sou menina,
Adolescente perdida,
Ovelha negra,
Alimento de lobo,
Prece de santo,
No fogo do paraíso,
Na solidão do inferno.

Deus! Por que fiz isso comigo?
Por que fui te desafiar?

Sou ovelha negra.
Fujo de meu pastor.
Procuro pelo santo,
Torcendo para o lobo me encontrar.

 TEXTO DE RITA VELOSA
PROTEGIDO POR DIREITOS AUTORAIS
FAVOR CITAR SEMPRE A AUTORIA

terça-feira, 30 de outubro de 2012

MOR!

                                                                                                                                 CONTO
         

          Abriu os olhos. Virou levemente a cabeça e viu sua foto com Paulo: lindos, sorridentes, jovens, corpos esculturais. Esticou o pescoço e baixou os olhos na tentativa de examinar o próprio corpo. Viu a montanha de banha e mais nada. Seu corpo se transformara numa massa amorfa de pão crescido.
          Com dificuldade pegou a escova de cabelos e o espelhinho no criado mudo com a intenção de pentear-se. Mas as mãos trêmulas deixaram a escova cair e o espelho mostrou a ela um rosto disforme, que a chocou. Deus! Quem é esta criatura horrenda? Quem é este monstro? Jogou o espelho com o pouco de força que ainda lhe restava.
         Tentou levantar-se, mas tudo rodou de repente e seu corpo caiu para trás de volta para a cama. Não adiantava mais nada. Não conseguia mais nem ficar em pé. Agora era entregar-se; era a reta final.
         __Bom dia Marisa, meu amor! Está um belo dia hoje! Muito sol! Vai dar  praia! Não quer dar um passeio?Já tomou seus remédios? Sabe que o médico recomendou que não deixasse de tomar, não sabe? Aqui estão! Trouxe seu leitinho desnatado  e seu café com adoçante, meu amor.E também este lindo botão de rosa como prova do meu amor.
Te amo demais, querida! Quero ver você fora desta cama logo. Tome seus remédios. Espere! Vou separá-los já para você! Aqui estão; engula com o leite para não lhe fazer mal!Vou dar uma saída mas logo volto. Se precisar de alguma coisa, é só tocar a campainha  que  a  Zilda vem te atender. Se ela fizer alguma coisa que te aborreça, você me conta. Ok?
      __ Hum, hum! -resmungou Marisa enquanto engolia os remédios.
           E em seguida deveria mergulhar  novamente em sono profundo, como já vinha acontecendo há anos.Só acordaria novamente quando Zilda lhe trouxesse o almoço. Ainda sonada, comeria a refeição escolhida para ela por Paulo, tomaria mais outros remédios que Zilda lhe daria e depois só acordaria para a higiene vespertina,- que Zilda lhe faria na cama-, e para o jantar, ocasião em que Zilda lhe daria mais outro tanto de remédios e outra montanha de comida. Paulo só viria novamente tarde da noite, quando chegaria da rua, com bafo de cerveja e cheiro de mulher, para lhe desejar boa-noite e dar-lhe os últimos comprimidos do dia.
         Mas, naquela manhã, em meio ao seu torpor, ao olhar para o retrato e para o espelho, Marisa resolvera dar um basta em tudo. Depois que Paulo saiu, retirou da boca boa parte dos remédios. E assim foi fazendo ao longo do dia. E ao longo dos dias, daquele dia em diante. Começou a emagrecer. Como ninguém realmente olhava para ela, ninguém notou nada. Sempre que um dos dois entrava no quarto, fingia estar dormindo. E os comprimidos, gradativamente foram indo para dentro de uma caixinha  de músicas, com uma esbelta bailarina em cima. A parte inferior em forma de bauzinho, possuía uma pequena chave, que ela escondia no fundo da gavetinha do criado-mudo . Dias mais tarde, menos dopada, conseguiu se levantar, e caminhar até o vaso sanitário. A comida e os comprimidos passaram a ser  encaminhados gradativamente para lá. Marisa tinha agora um só objetivo. Isso lhe dava forças para se livrar da obesidade e da dependência química. Queria morrer.
        Conforme se livrava do torpor dos remédios, cenas lhe vinham à memória: o namoro pleno de emoção, fantasia, desejo; a dedicação de Paulo em fazê-la feliz, os passeios às escondidas da família, - que não gostava de Paulo - os filhos, o próprio casamento, - praticamente sem ninguém presente devido à desaprovação das famílias -, o casamento dos filhos, a saída dos filhos do país à procura da realização profissional e finalmente a vida do casal solitário. Mais tarde, as aventuras de Paulo com outras mulheres, o desprezo, o abandono, a solidão, a depressão, o desespero, o desânimo, a vontade de morrer. Também, às vezes, a lembrança das tentativas de suicídio anteriores, frustradas.
       Depois, os diagnósticos diferentes de vários psiquiatras todos apressados em entupi-la de remédios: depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, paranoia, etc. Achara estranho.  Mas quem era ela para questionar os médicos que Paulo lhe arranjara com tanto carinho?Obedecera. Entregara-se aos remédios que a alucinaram, alienaram e desmotivaram para a vida. A obesidade se instalara em seu corpo e fizera o trabalho final. Levaram-na a uma prisão domiciliar. Paulo trazia também médiuns, pais- de – santo, curandeiros. Tentara de tudo por ela! E o diagnóstico deles todos: possessão demoníaca, influência de espírito obsessor, etc.
          Mas só Marisa sabia o que realmente sentia: Paulo não a amava e queria matá-la. Queria somente os bens que tirara dela ao longo dos anos. Na verdade, ele a odiava de modo contido. Marisa podia ver isso no seu sorriso dissimulado, na sua solicitude  venenosa,nos seus olhos que sempre desviavam o olhar .  Enganava a todos. Todos o tinham como um homem exemplar, bom marido, bom pai. Os amigos chegavam a aconselhá-lo a parar de sofrer e a abandonar Marisa. Porque não o fazia? Marisa sabia!
        Paulo plantara e agora ansiava pelo momento da colheita. Mas para isso  precisava chamar Madame Morte. Fizera para os dois um seguro milionário onde um era o beneficiário do outro. Assim, ficaria livre de suspeitas; o crime perfeito!Pelos seus cálculos, Marisa morreria logo. Impossível aguentar por muito mais tempo obesa e com superdosagem de remédios tão fortes!E ele, além de herdar parte dos  bens de Marisa , receberia o seguro milionário . Já saboreava, com antecedência, o quanto iria aproveitar a vida, depois de tantos anos de sacrifício. Mas valeria a pena! Já imaginava as mulheres que teria a seus pés, as viagens, as bebedeiras...”Vou-me embora prá passárgada!”- pensava e sorria feliz.
         Aos poucos, o conteúdo de algumas das cápsulas dos comprimidos mais fortes foi deixando de ir para o vaso sanitário. Foi sendo estocado, armazenado e escondido por Marisa. Iria matar Paulo também. Faria com que provasse de seu próprio veneno. E em seguida, aí sim, se mataria.
         Toda noite ele lhe trazia um suco de laranja que Zilda preparava. Naquela noite Marisa decidiu acabar com seu tormento de vez. Iria dar cabo de tudo e descansar em paz! Desta vez não falharia! Seu tormento acabaria. Chamaria Madame Morte enfim. Paulo estava demorando mais do que o costume. Com certeza chegaria muito bêbado. Decidiu. Era a noite ideal. Ele talvez sentiria o amargor no suco, mas acharia que era efeito da bebida no seu fígado e não desconfiaria de nada. Paulo bêbado não pensava.
         Como sempre, chegou alegrão, sorriso estampado no rosto, já curtindo a viuvez. Ah, meu pai!Está chegando a hora da minha libertação!- pensou.  Havia tomado umas cervejas a mais mas não se esquecera dos remédios de sua fofa Marisa. Entrou no quarto com o copo de suco de laranja e encontrou Marisa chorando.
       ___Que foi, minha querida?
      ___Estou com medo, Paulo! Acho que Zilda está apaixonada por você  e anda pondo veneno no meu suco de laranja.
      ___Pelo amor de Deus, Marisa! A Zilda é uma santa!Não fala mal dela não , que é pecado!
     ___Tá bem , Paulo! Mas hoje eu não tomo esse suco. Vai buscar um copo de água para eu tomar  meus remédios.
    ___Tá, Marisa. Eu vou. Não precisa ficar nervosa.
          Paulo saiu do quarto e desceu as escadas para a cozinha resmungando: gorda asquerosa! Qualquer dia perco a paciência e acabo com você de vez! Deus é pai! Não aguento mais essa nojenta!Ah, Jesus! Me livra desse carma!
     Assim que entrou com a água Marisa  disse, enquanto tomava os remédios com a água:
    ___Então me prove que isso é coisa da minha cabeça! Me prove que confia na Zilda! Tome o suco!
    ___Tá bem, querida. Confio plenamente nela! Veja! E tomou o suco todo.
          No último momento, Marisa mudou de ideia. Vendo Paulo morto, ali ao lado da cama, onde tanto fora manipulada, resolveu não se matar. Despejou o conteúdo da caixinha de música no vaso sanitário e deu a descarga! Queria viver! E desta vez, faria a escolha certa! Sem outros Paulos !
           Na tarde seguinte, no funeral de Paulo, todos se admiravam da presença de Marisa, a viúva milionária da praça, sentada numa poltrona, ao lado do caixão.     
          Aparentando estar sob efeito de forte medicação, com a fala arrastada, apoiando-se nos braços da poltrona para não cair, explicava  aos amigos dele,entre um surto e outro de choro: foi um ataque fulminante do coração, uma ironia do destino! Tomei meus remédios e apaguei! Só me dei conta do que havia acontecido hoje cedo, quando acordei. Quem iria imaginar que Paulo tinha problemas de saúde!     Nunca reclamou de nada! Um santinho! Deus sabe a falta que me fará! Não sei como vou aguentar sozinha!
         Alguns homens, amigos de Paulo, comentavam em surdina: estava um pouco gorda, é verdade. Mas formosa!


      

TEXTO DE RITA VELOSA
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FAVOR CITAR SEMPRE A AUTORIA